Lugar de chegada

“Julgamentos nos tornam muito pesados. Temos que ser como o alpinista, que viaja com bagagem leve para conseguir chegar a algum lugar”.

A frase é do arquiteto, urbanista e teórico da arquitetura Rem Koolhas. Um pensador contemporâneo que desenvolve projetos urbanos pensando nas cidades como lugares de pessoas, de convivência, como ambiência de sociabilidade. Koolhaas nasceu em Roterdã durante a Segunda Guerra Mundial, quatro anos após a cidade ter sofrido um bombardeio aéreo pelos alemães em 1940. Um filósofo da contemporaneidade que literalmente teve sua vida marcada por uma relação muito especial entre o trauma da destruição e o fascínio pela (re)construção.

O nosso mundo é o nosso espaço. Nosso lugar de mudanças, planos, projetos, transformação. O que muitas vezes nos impede de tomar as rédeas dessa jornada são as pedras que carregamos conosco. Na frase de Koolhas, vem a lembrança de que o alpinista consegue alcançar o cume da montanha, ou suas partes mais sinuosas, porque simplesmente não carrega peso ou bagagem que o faça titubear. Livrar-se das bagagens não é uma possibilidade: é uma escolha! É o próprio alpinista quem decide aquilo que não carrega, no sentido de aliviar sua carga e tornar seu corpo mais leve para a aventura da escalada.

O arquiteto metaforiza os “julgamentos” como algo que nos torna muito pesados. Ao unirmos essa metáfora à analogia do alpinista, imaginamos um homem escalando uma montanha com uma mochila cheia de pedras, multiplicando suas aflições, seu cansaço físico, agindo de forma negativa como uma graduada que o puxa para baixo e o impede de seguir adiante.

Nossos julgamentos não são evitáveis. Eles existem e são até funcionais para nossas vidas. Somos seres classificatórios: temos juízo e sapiência, e eles nos impelem a classificar e também julgar o mundo ao nosso redor. No entanto, temos, também, a possibilidade de arriarmos esse peso todo, de forma que só entrem na mochila da nossa escalada as coisas que nos motivam a subir. E se nossos julgamentos nos tornarem lentos ou pesados, devemos nos livrar deles, porque deixaram de ser virtude para se tornarem vício.

Rem Koolhas é um nome mundialmente reconhecido, premiado por ser um criativo, um construtor, um edificador. A dica de Rem transcende o universo de seus projetos urbanos e nos ajuda a ensejar projetos de vida. Livres, leves, sem medos, sem culpas, sem pesos, sem julgamentos, seremos capazes de escalar nossas montanhas da vida, a fim de que possamos alcançar o pico de cada uma delas, que é simplesmente o universo peculiar da nossa própria felicidade!

– Hélio Ricardo Rainho

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2 Comentario(s)

Rafael Farias disse:

Lugar de chegada é a casa da gente, né !!

carlos disse:

concordo em parte pq se não julgarmos atitudes dos outros como formaremos a nossa opnião,julga -se e larga de mão para aprender e fazer algo diferente ,nosso subconciente precisa sere vigiado …

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