A Ciência da Felicidade

Minha família, os Arns, são muito católicos com freis e freiras e um arcebispo na família. A Igreja Católica foi o meu berço de fé e depois se transformou no que chamo de espiritualidade. Meu pai também era religioso, mas tinha um lado mais ecumênico e curioso, buscador de terapias integrativas e outras respostas. Ele também gostava de estudar outras religiões e isso estimulou a minha curiosidade.

Fui conhecer o espiritismo, o budismo, entre outros, e depois entendi que toda essa busca era, na verdade, uma curiosidade por mim mesmo.

Demorei a perceber que estava buscando autoconhecimento. Não era espiritual o vazio que sentia, era uma desconexão entre o que eu fazia e o que eu acreditava. Isso foi crescendo em mim durante um tempo. Meu emprego me satisfazia profissional e financeiramente, mas estava desconectado com o que fazia sentido para mim.

Na época, meu dia a dia tinha planilhas, e-mails, vendas, equipes, gestão e problemas para resolver — coisas que também fazem parte da minha rotina atual, mas minha jornada agora também envolve conversas com pessoas ligadas à área de autoconhecimento, felicidade e Psicologia Positiva.

Fui cedendo espaço a esse desconforto para que ele se acomodasse de alguma forma. Um cara chamado Henri Bortof tem uma frase que gosto muito: “A vida é algo para o qual estamos sempre nos preparando, mas nunca estamos exatamente prontos”.

Até que em 2014, em um daqueles momentos em que estamos no lugar certo, na hora certa, assisti a uma palestra que me trouxe novas percepções. Durante a HSM Expo, ouvi Tal Ben Shahar abordando “A Ciência da Felicidade”.

Anos depois, ele estaria falando no evento que idealizei em Curitiba. Mas naquele momento, suas palavras abriram meu universo sobre a Ciência da Felicidade na linha da Psicologia Positiva, e a forma com que ele tocava no assunto era uma conjugação de tudo que estudei e estava procurando.

Saí da palestra e comprei um livro dele. Passei a noite lendo, dormi super pouco e acordei no dia seguinte me sentindo energizado. Curiosamente, uma das perguntas que Tal Ben havia colocado na noite anterior era: “O que você faz que, não importa por quanto tempo faça, você se sente energizado?”.

Fui mergulhando cada vez mais nesses estudos sobre Psicologia Positiva, espiritualidade, autoconhecimento, conhecimentos dos povos originários, sociologia, antropologia, filosofia…

Eram temas que eu já gostava naturalmente e que, de repente, se interligavam na multidisciplinar Ciência da Felicidade. Isso ficou em mim até 2015, quando surgiu a ideia de trazer para Curitiba um evento para falar sobre autoconhecimento e que atraísse pessoas que não se identificam com essas ideias. Para fugir um pouco da lógica de “pregar para convertidos”, a proposta era trazer conteúdo para um público que não é adepto da meditação, do yoga, da espiritualidade e, com o autoconhecimento, justamente desmistificar essas questões.

Comecei a organizar o primeiro Congresso Internacional de Felicidade nesse ano. A proposta era abordar o tema a partir de quatro diferentes aspectos: filosófico, científico, espiritual e artístico. E foi assim que tudo começou, com algumas pessoas que se aglutinaram em torno do projeto e se tornaram cofundadores do que na época chamamos de Congresso Internacional de Física Quântica. Inicialmente, o plano era fazer uma única edição. Se alguém me contasse que eu estaria anos depois realmente vivendo disso, jamais acreditaria!

O objetivo era levar para mais pessoas aquilo que fez tão bem para mim e me ajudou tanto na minha jornada pessoal e profissional. Organizava reuniões aos sábados, porque trabalhava regularmente no Curso Luiz Carlos e no meu tempo livre trabalhava pelo evento.

O nome Congresso Internacional de Felicidade veio ao longo de 2016 como uma forma de agregar esse sentimento de forma mais ampla, tanto na esfera pessoal quanto na coletivo: como posso ser mais feliz e deixar meu entorno mais feliz para poder viver num estado mais duradouro de felicidade.

O que rolou com a primeira edição foi incrível. As pessoas vivenciaram algo especial e em alguns casos até tomaram decisões impactantes em suas vidas, começando projetos sociais, mudando de trabalho. Vieram histórias de transformações fantásticas. E isso impulsionou um II Congresso.

Mas na organização do terceiro evento, percebi que não estava vivendo o que eu pregava. Trabalhava bastante no Curso Luiz Carlos, na escola de idiomas, que tinha aberto há anos, no Congresso. Com isso, minha saúde estava deteriorada, bem como minhas relações familiares e de amizade. Estava me alimentando e dormindo mal e me vi num dilema.

Foram noites de sono com a dúvida sobre o que fazer. Questões financeiras, medos e inseguranças. O apoio da minha esposa foi essencial nesse momento. Foi muito difícil tomar uma decisão, mas optei por seguir aquilo que acreditava e que fazia sentido para mim. Pedi demissão do Curso Luiz Carlos e passei a me dedicar apenas ao Congresso.

Às vezes, temos a ideia idílica de que se mudarmos de emprego e formos fazer o que acreditamos, estaremos felizes, seguros e tranquilos. A verdade é muito mais complexa.

Aquele vazio hoje já não existe mais. Existem outras dores, que fazem parte da caminhada. Me sinto satisfeito com a jornada e com as escolhas que fiz. Faria tudo novamente, mas minhas opções não foram simplesmente tomadas por um impulso. Houve muita análise, números, acordos, planos e conversas com a minha esposa.

Acredito que quando saímos da zona de conforto, passamos primeiro por uma camada muito grossa, um lugar que chamo de zona do medo. A maioria dos projetos acaba antes do seu nascimento, fica na cabeça das pessoas. Cerca de 90% morrem nessa densa zona do medo. Nos sentimos inseguros, somos fortemente abalados pelas críticas e definitivamente não estamos confortáveis.

Mas quando essa barreira é atravessada, conseguimos chegar a uma nova área, a zona de aprendizado. Nela começamos a manejar novas habilidades aprendidas com tentativa e erro e estamos mais confiantes até que chegamos à zona da realização, onde aquele projeto que um dia foi apenas uma ideia torna-se realidade.

Acho que ter a noção dessa passagem toda traz um pouco de consciência e é essencial para seguirmos em frente e ganharmos coragem para a realização dos nossos sonhos. Foi assim comigo e o que permitiu que o Congresso Internacional da Felicidade chegasse a sua IV edição. (2 e 3 de novembro, em Curitiba).

Gustavo Arns Idealizador do Congresso Internacional de Felicidade, Presidente da Escola Brasileira de Ciências Holísticas e fundador do Centro de Estudos de Felicidade www.congressodefelicidade.com.br
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4 Comentario(s)

Luis Álvaro dos Santos Corrêa disse:

Sou suspeito para falar da atuação do grande mestre Gustavo Arns.Tive a grata satisfação de participar do Congresso da Felicidade em 2018, um divisor de águas em minha vida.Parabéns jovem Gustavo, pelo entusiasmo que conduz esse grande evento.

Marta Alexandra Barbosa Maia disse:

Boa noite…Adorei o texto que li e fiquei fascinada e muito curiosa de saber mais e mais.Acho muito interessante termos um ponto de vista e termos forças para atingir nosso objectivos por vezes nao é facil e ficamos frágeis.

Rafael Farias disse:

Interessante felicidade ada ciênciaq.

WILLIAN VARELLA FIGUEIREDO disse:

Lindo! Parabéns por toda a coragem e discernimento.

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