Grandes mestres ultrapassam fronteiras, usos e
costumes, linguagem, as mais diversas culturas,
crenças e superstições. Porque o sentido da
humanidade está acima disso tudo. Vai além de
raças, gêneros e posição social. Trata do que nos
une e não do que nos separa. A arte dos grandes
mestres toca aquele ponto do sentimento
universal. Grandes mentes nos elevam ao mais
alto patamar do humanismo.
E agora, para onde vamos se as grandes mentes
se tornam artificiais? Se a Inteligência suprema
será a de mega computadores que acumulam todo
o conhecimento do mundo?
E atônitos nos perguntamos e tentamos imaginar a
cara desse futuro próximo.
Tenho participado de palestras, debates e mesas
redondas com muita gente discutindo sua visão
futurista, para alguns otimista, para outros
apocalíptica.
Todo bom autor de ficção científica já escreveu
alguma coisa sobre as máquinas dominarem o
mundo. A criatura mata o criador, como numa das
cenas mais poderosas e icônicas do cinema, no
Blade Runner original, quando o andróide
finalmente consegue encontrar quem o fabricou e
entre amor e ódio discute sua finitude, como um
humano falando com Deus.
Sem levar em conta esse olhar fantasioso,
máquinas são máquinas. E ninguém pode acusar
uma máquina de nada, exceto talvez as
impressoras, que realmente parecem ter vontade
própria e só imprimem quando querem.
Tudo o que usamos são ferramentas, criadas por
pessoas e usadas por pessoas.
Muita gente discute as possibilidades alarmantes
com as quais a IA nos surpreenderia. Muitos
questionam se ela vem para o Bem ou para o Mal.
Estuda-se a História da Humanidade através de
suas guerras, de suas conquistas e de sua Arte
para compreender o indivíduo e sua evolução.
A arte traduz cada momento histórico e com
certeza nos ensina mais do que as guerras.
Assim como os grandes mestres, a Inteligência
Artificial atingirá a todos em maior ou menor
escala. Para analisar o efeito da IA é preciso
entender por quem serão programadas as
máquinas. Com que versão do pensamento
humano serão alimentadas?
Qual será a somatória de princípios éticos e
morais? Qual a escala de valores? De quem elas
serão a verdadeira tradução? A quem elas
servirão?
Para Krishnamurti, não é sinal de saúde estar bem
adaptado a uma sociedade doente. Para ele, a
verdadeira revolução não é violenta, ela vem
através do despertar da inteligência e pela união
de pessoas que podem influenciar e promover aos
poucos, gradualmente, transformações radicais na
sociedade.
O futuro desse mundo polarizado vai refletir quais
correntes de pensamento? Que idéias e ideologias
vão ser programadas na grande rede neural da
Inteligência Artificial?
Assim como em qualquer família o que é ensinado
aos filhos vai definir o que eles se tornarão.
As máquinas podem se tornar as poderosas
mentoras da guerra, do ódio, do domínio e da
segregação.
Ou podem seguir os grandes mestres e
compreender o mundo através da arte, do
conhecimento e inovação.
A tecnologia traz avanços gigantes na nossa
caminhada, mas quem a programa e usa é que vai
definir nosso rumo.
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