No século XXI, o tarô tem tido um grande desenvolvimento, com uma multiplicidade de novos baralhos, livros e estudos sobre o assunto. Muito além do enfoque preditivo, que marcou o tarô nos dois séculos anteriores, as cartas têm sido usadas, cada vez mais, como caminho para autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.
O uso do tarô com fins terapêuticos e espirituais possibilita uma conexão com o sagrado que existe dentro de cada um de nós e o desenvolvimento de nossa intuição e espiritualidade. Como escreveu Rachel Pollack, no celebrado livro “78 Graus de Sabedoria”, com o estudo do tarô nós passamos a “reconhecer os dons que recebemos da existência e nossa responsabilidade em compreendê-los e usá-los”.
Desde o início deste século, a arte digital e a internet colaboraram para impulsionar a criação de novos baralhos e a publicação de estudos, livros e sites sobre o assunto. No início desta década, o uso de financiamento coletivo para possibilitar a criação de baralhos independentes tem resultado na publicação de dezenas de novos baralhos por ano, em vários países.
A maioria dos baralhos lançados atualmente ainda segue a estrutura imagética do icônico tarô ilustrado por Pamela Colman Smith, em 1909, mas tem havido, cada vez mais, ilustrações não baseadas nessa estrutura.
Como manifestação artística, o tarô tem se modernizado de maneira acentuada, adaptando-se ao novos tempos. Um exemplo de baralho que reflete o nosso tempo é o tarô da Bruxa Moderna, criado em 2019 pela ilustradora norte-americana Lisa Sterle, que, usando como base o tarô da Pamela, criou um baralho inclusivo, dando destaque a personagens negros, LGBTQIA+ e às mulheres.
O século XXI viu, finalmente, o devido reconhecimento à artista Pamela Colman Smith – cujo baralho era chamado apenas de Rider-Waite até poucos anos atrás, dando destaque apenas à editora e ao autor do livro que havia sido lançado junto com o baralho, em 1910. Em 2018, foi publicado, pela editora US Games Systems, um monumental livro sobre a vida dela, escrito por Stuart Kaplan e Mary K. Greer.
Mais recentemente, em 2020, a prestigiada editora de livros de arte Taschen lançou um livro sobre tarô belíssimo, em que a autora Jessica Hundley resgatou a história e as imagens das cartas, desde as edições mais antigas até as mais modernas.
Na última década, o tarô também se integrou definitivamente à cultura popular, tendo sido usado em coleções de alta costura, como a da Dior, em capa de álbuns e em inúmeros romances, filmes e videoclips – de que é exemplo o recente vídeo da Marisa Monte para a música “Portas”.
É possível dizer que o tarô, após 600 anos de história, segue mais vivo do que nunca – e, certamente, ainda irá muito além. Minha esperança – e meu desejo – para este século é que o conhecimento sobre o tarô seja cada vez mais difundido, para que a mágica do tarô esteja ao alcance de todos.
Talita Cardoso Lima
Diplomata e taróloga. Usa o tarô para autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. www.tarotdiario.com.br / @tarotdiarioblog
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