A carta da Justiça representa, entre outras coisas, agir com base em princípios éticos, assumir responsabilidade por suas ações e entender que toda ação tem uma consequência. Agir inspirado por esse arcano é um dever ético não só de tarólogos, mas de todos nós.
Há muitos casos de oraculistas que fazem previsões catastróficas sem o menor cuidado com as consequências de suas leituras. Essas leituras são tóxicas, pois podem ser prejudiciais para os consulentes. Em seu livro “O caminho do tarô”, Alejandro Jodorowski afirma que “uma leitura pode facilmente se tornar tóxica. É muito tentador para o leitor “vidente” que tira conclusões subjetivas sobre verdades absolutas fazer predições catastróficas que, ainda que motivadas por um sincero desejo de ajudar, podem envenenar o espírito do consulente.” O autor prossegue relatando o trágico caso de um homem que “acreditou encontrar no suicídio uma solução inevitável. Alguns dias antes, ele havia consultado uma vidente que lhe predissera uma morte nos próximos dias: sua ou de seu filho de vinte e três anos. Quando voltou para casa, para ‘salvar’ o filho, apunhalou-se com uma grande faca de cozinha. Transportado com urgência ao hospital, ele morreu pouco depois.”
Esse exemplo é extremo, mas mostra a necessidade de falarmos sobre ética e responsabilidade na leitura das cartas.
Gosto da orientação da saudosa mestra Rachel Pollack. Ela escreveu que, quando faz uma consulta para alguém, “assume a responsabilidade de direcionar essa pessoa para um caminho positivo”. Ela tem toda razão. Mesmo que as cartas e o jogo como um todo estejam difíceis, é possível extrair deles uma boa orientação e iluminar, de alguma maneira, o caminho da pessoa, para que suas escolhas possam ser as mais sensatas, dado um determinado contexto.
O sábio autor “anônimo” do livro “Meditações sobre o tarô” também faz uma observação que pode ser aplicada às “revelações” do tarô: “A revelação – todas as revelações – da Gnose têm um só objetivo: dar, preservar e aumentar a esperança. (…) Porque toda revelação que não traz esperança é inútil e supérflua”.
Outro ponto importante é a necessidade de frisar, quando fazemos uma leitura para alguém, que o futuro não está pré-determinado, e a pessoa pode alterar a previsão das cartas com suas atitudes presentes. O tarô não é fatalista. Além disso, somente a pessoa poderá tomar uma decisão a respeito do que as cartas eventualmente mostrarem. A escolha de cada um deve ser consciente e refletida, não pode ser transferida ao tarô ou ao tarólogo(a).
Na leitura das cartas, eu evito falar sobre 4 assuntos: morte, doença, desastre e divórcio (em inglês, os chamados “4Ds”: death, disease, disaster, divorce). Pessoalmente, não vejo benefício em falar sobre esses assuntos para o consulente. Acredito que é possível passar todo o recado necessário sem deixar o consulente (mais) preocupado ou ansioso.
Para você, que está em busca de uma leitura de tarô, minha sugestão é: seja qual for sua posição, esclareça de antemão o que você espera da consulta. Não quer saber sobre assuntos mais sensíveis? Avise! Não se importa em saber? Avise! É um direito que você tem. Como regra geral, lembre-se: o tarô deve servir para iluminar os caminhos, e não para dificultá-los.
Caso você queira saber mais sobre esse assunto, recomendo a leitura do Código de Ética do Tarô, que reúne uma série de princípios éticos que devem guiar a atuação dos tarólogos que aderem ao Código:
Talita Cardoso Lima
Diplomata e taróloga. Usa o tarô para autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. www.tarotdiario.com.br / @tarotdiarioblog
|
Boa tarde ajude me por favor estou a passar por uma situação má sem dinheiro nada vida muito mal estou doente preciso de uma casa e tudo corre mal
Ajudo me por favor