“Todo dia ela faz tudo sempre igual”, cantou Chico Buarque. A rotina massacrante da mulher brasileira lembra o mito de Sísifo, personagem da mitologia grega que foi condenado a repetir sempre a mesma tarefa de empurrar uma pedra até o topo de uma montanha. Toda vez que estava quase alcançando o topo, a pedra rolava montanha abaixo, invalidando completamente o sacrifício realizado. Como no mito, a brasileira está condenada a recomeçar do zero todos os dias, após cumprir infinitas tarefas domésticas.
Com a pandemia, tudo piorou. Exausta, sobrecarregada e estressada, a brasileira é a maior consumidora, em todo o mundo, de antidepressivos, ansiolíticos e remédios para dormir. Conflitos familiares, que antes eram ignorados, explodiram, confessou uma professora de 45 anos.
“Meu marido só reclama da vida, se irrita com tudo, briga por qualquer besteira. Não consigo nem ir ao banheiro que ele já berra pedindo alguma bobagem. E ainda diz que não faço nada além da minha obrigação de esposa e mãe”.
A pandemia escancarou “a verdade nua e crua” que ela nunca teve coragem de admitir: o opressor mais perigoso, perverso e tóxico pode morar dentro de nossas casas e até mesmo dentro de nós.
“Minha filha me apelidou de ‘Não sou feliz, mas tenho marido!’. Ela acha que sou a principal responsável pela minha infelicidade, já que não me divorcio por medo da solidão e da opinião dos outros. Não considera justo culpar meu marido pelo inferno que é a nossa família, pois não sou uma vítima inocente e indefesa. Para ela, meu maior erro foi ter desistido dos meus projetos profissionais e da independência financeira pensando que um marido iria me garantir estabilidade, segurança e a solução de todos os problemas. Me acusa de ser cúmplice do autoritarismo e machismo, em função do meu silêncio e omissão. Diz que não tenho coragem de ser uma mulher livre, pois prefiro viver em uma prisão domiciliar. Ela tem toda razão”.
Simone de Beauvoir afirmou que “o opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”. A luta pela libertação não é apenas das mulheres, mas também dos homens, já que senhores e escravos são prisioneiros de relações tóxicas e violentas. Infelizmente, muitos acham “mais confortável suportar uma escravidão cega do que trabalhar para se libertar”.
Antropóloga, professora da UFRJ, autora de “Liberdade, felicidade e foda-se!
![]() Mirian Goldenberg
Antropóloga e pesquisadora sobre envelhecimento e felicidade -
miriangoldenberg@uol.com.br
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Acho que é isso apesar de minhas escolhas não foi casar, viver para um homem. Sempre fui livre e morrerei livre………..
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Sabe… vivi uma infância com meus pais sempre em guerra… Minha mãe sofreu bastante e eu assisti… Até que meu pai sai de casa e vai morar ao lado, arrumou outra família e aos berros, gritava para a rua inteira ouvir, que minha mãe era isso ou aquilo… sofremos juntas, o que hoje, chamam de “Violência doméstica!” A partir desta fase, desenvolvi o objetivo de crescer, estudar e ter conhecimento. Desejava mostrar a minha mãe que ela estava erradíssima em se calar. que eu, vejam só vocês, com 05 anos, me propunha a ser sua companheira e testemunha… “Ela precisava agir!” Já naquela época, e aí com 12 anos, pedia que ela tomasse alguma decisão , s. E ela? Nada. Calada, orpimida, com medo dele bater mais nela… Há 08 anos atrás estive a cuidar dela, já na velhice, não permiti que ela passasse nenhuma dor mais… faleceu há 01 ano e me sinto ainda encorajada… Me casei, meu marido era muito bom pra mim, faleceu também há 24 anos e não tenho mais disposição de procurar um novo companheiro, acho que na verdade, é preguiça… Principalmente nesta pandemia, imagina? Só que nesta fase, trabalho com Mulheres vítimas de violência Doméstica, escrevo Projetos sociais e agradeço pela Vida! Sou útil, posso falar de dores familiares e de relacionamentos, vivi, estudei e conheço bem as questões sociais que podem inutilizar a boa troca que encontramos em boas relações…! Gosto de de vez em quando, ser a voz de quem por falta de alternativas, a oprime!