Na minha pesquisa sobre “Envelhecimento e Felicidade”, 32% das mulheres disseram que não são felizes por serem perfeccionistas, insatisfeitas, críticas, ocupadas, preocupadas, estressadas, inseguras. No entanto, 60% afirmaram que querem ser mais felizes, leves e divertidas.
Elas deram inúmeras dicas para a conquista da felicidade, tais como:
Uma professora de 65 anos citou uma frase da atriz Marília Pêra para exemplificar a importância de dizer não para ser mais feliz:
A Marília Pêra recusou um projeto importante e uma jovem atriz disse: “Lógico que você pode dizer não, você é a Marília Pêra!” Ela respondeu: “É exatamente o contrário. Eu só sou a Marília Pêra porque aprendi a dizer não.”
A professora afirmou que só agora, aos 65 anos, descobriu o segredo da felicidade:
Li que o lema da Hillary Clinton é foda-se. Hoje, sou como ela: não me interessa a opinião dos outros, se gostam ou não de mim e se fazem fofocas. Aprendi a ligar o botão do foda-se, passei a dizer não e minha vida ficou muito mais leve, mais livre e mais feliz.
É fácil perceber que a “melhor idade” é aquela em que, finalmente, as mulheres conseguem ser mais livres. Como a professora mostrou, não é o envelhecimento que é valorizado pelas mulheres: o que é importante é a liberdade, ainda que tardiamente conquistada, de “ser eu mesma”, com foco nos próprios desejos e no cuidado de si.
O não é a palavra que representa a recusa em assumir os papéis impostos pela sociedade. Muitas mulheres que pesquisei só conseguiram ser mais felizes e livres depois que envelheceram. Será que é necessário esperar tanto tempo para aprender a dizer não?
Antropóloga, professora da UFRJ e autora de “A invenção de uma bela velhice”
![]() Mirian Goldenberg
Antropóloga e pesquisadora sobre envelhecimento e felicidade -
miriangoldenberg@uol.com.br
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