RELAÇÕES ENTRE O HOMEM E O CÃO

Dentre todos os animais conhecidos o cão é o que mais se aproximou a nós. E independente de classe social, sejam pessoas abastadas que lhe forneçam a melhor alimentação, ou mesmo moradores em situação de rua que só podem oferecer-lhe as sobras muitas vezes encontradas nos lixos, mesmo assim a dedicação ao seu tutor é a mesma. Por isso o velho ditado, O Melhor Amigo do Homem, sempre faz muito sentido.

 

Os humanos vivem em três tempos: o passado que é inacessível, não tem como ser reescrito apenas lembranças de um tempo que não volta mais, que para algumas pessoas pode levá-las a depressão e para outras aprendizado. O presente é o único que está acontecendo, sendo aquele que precisa ser vivido intensamente, pois logo se tornará passado, e o futuro que é aquele que ainda não é, e que embora possa ser planejado, por vezes não sai como pensamos o que causa frustrações e ansiedade.

 

Deveríamos talvez copiar desse fiel amigo que chamamos de irracional, o cão, que vive intensamente apenas o presente, para ele o tempo parou e o que vale são os momentos que aquecem o coração, que são os momentos com o seu tutor.

A memória do cão não funciona como a nossa, ela é ativada quando o cão enfrenta uma situação similar a outra pela qual ela já passou. Exemplo disso, odores e lembranças de situações de felicidade, uma comida que gostou, uma pessoa que lhe afagou a cabeça, ou algum risco sofrido como uma freada de um carro que quase o atropelou, por isso muitos cães sentem medo em determinadas situações, é a experiência do passado que vem à tona no tempo presente.

Já o futuro para o cão não existe em sua cabeça, não tem como pensar no amanhã e por isso não sofre de alguns males que o humano sofreria.

 

Estar totalmente entregue ao homem como seu tutor absoluto e sem alternativa de reclamar nos traz a obrigação moral e até imposta por lei de ter a responsabilidade de compreendê-lo, dar-lhe abrigo, alimento e cuidá-lo com respeito e atenção.

Por vezes as atitudes inteligentes de um cão nos surpreendem, a sua capacidade de nos defender e agir em situações que possam oferecer riscos, não devem nos iludir em acreditar que eles estão conseguindo pensar de maneira racional, tudo é instintivo e o aprendizado acontece de forma repetitiva, não devemos tentar humanizar os cães, isso provoca problemas em seu caráter. Devemos sim, coordenar e orientar os dons que o cão tem por natureza para o benefício de todos.

Ninguém quer um animal que late demais ou mesmo que morde as visitas, ou que por dominância tenta cruzar com a perna de seu dono. Mas para que isso não ocorra, há a necessidade de entender e estudar o comportamento natural desses animais e direcioná-lo para o bem comum.

 

A falta de conhecimento por parte do tutor, normalmente leva a insatisfação de ter um cão, e por vezes o abandono ou mesmo a devolução de um cão que foi comprado, passa a ser a medida que muitos acabam tomando. Apesar das boas intenções, são as nossas atitudes que geralmente nos levam ao insucesso com nossos cães.

 

Todavia o tutor que se interessa por compreender a natureza do animal, levando em conta as características de cada raça e suas necessidades e consegue de forma inteligente passar ao seu cão a educação correta, com disciplina, adestramento, comportamento positivo, muito carinho e atenção terá um amigo fiel que nunca lhe trará problemas.

 

Mas por que ter um cão? Muitos podem ser os motivos, o gosto de chegar em casa e ser agraciado por eles, a companhia que muito foi importante nos últimos anos que precisamos ficar em casa devido a pandemia, para que as crianças aprendam a ter responsabilidade com seu animalzinho de estimação e o quanto os cães são dedicados e amorosos e que isso se traduza em suas vidas, dessa forma podemos afirmar sem exagero que eles ajudam na formação de pessoas.

 

Para que dê certo essa relação, obviamente deve-se respeitar o temperamento do tutor e do cão e seu ritmo de vida. Talvez não seja adequado um tutor idoso que tem uma vida mais pacata, ter um filhote de Border Collie, que esbanja energia e que se não fizer atividade física irá destruir o apartamento, da mesma forma uma pessoa que tem uma vida muito ativa, não ficará satisfeito com um cão muito pequeno e idoso que não conseguirá acompanhá-lo em corridas no parque e viagens.

Não escolha seu cão pela aparência ou por modismos, e sim pela característica que mais se adequa ao seu espaço e ritmo de vida. Isso me faz recordar que na década de 80, todos tinham uma avó que tinha um pequinês e hoje em dia quase não se vê mais esse cão. Os cães não são objetos, como uma roupa ou um carro novo que escolhemos por um desejo que deve satisfazer nosso ego, são amigos para sempre e amigos a gente conquista.

Portanto, é de suma importância que ao escolher seu novo companheiro de estimação que se compreenda primeiramente o seu perfil como tutor.

Após essa escolha deve-se já nos primeiros meses iniciar o processo de adaptação e educação, retirando hábitos desagradáveis, socializando com pessoas e outros animais, isso trará equilíbrio a relação.

 

Por vezes achamos engraçado filhotes comerem sandálias e chinelos, e isso eles fazem repetidas vezes, e se não retirarmos esse hábito logo no início ele nunca cessará. Vemos muitas pessoas quando adquirem um filhote deixam que ele durma em sua cama, porém quando ficam adultos brigamos para que não subam nas camas e sofás. Pensem que eles não conseguem entender o porquê dessa mudança, e se sentem muito tristes de não estarem agradando mais ao seu tutor.

Por isso não deixe seu filhote acostumar-se a fazer algo que você não vai querer quando ele for adulto.

 

Os cães têm uma vontade inconsciente de nos agradar o tempo todo, veja que sempre tentam fazer um bom trabalho para o seu dono, seja no simples fato de buscar a bolinha repetidas vezes, seja no trabalho na fazenda tocando um rebanho, ou mesmo guardando sua casa.

E por tudo isso devem ser recompensados, seja com petiscos, carinhos e elogios e eles conseguem entender essa troca, e isso traz satisfação a todos, humanos e cães.

 

Para os cães a alegria é natural e ele nos acompanha no frio ou calor, com chuva ou não, sem falsidades ou malícias. É de fato o melhor amigo do homem!!

 

Diogenes Augusto Consolino Médico Veterinário, clínica e nutrologia veterinária. Diogenes.consolino@hotmail.com
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