Tradicionalmente nos meses de junho e julho comemora-se em todo o Brasil as festas juninas e julinas, em homenagem aos santos Antonio, Pedro e João e no fim de ano também temos as comemorações do reveillon, sendo que nesses momentos de extrema alegria e euforia muitas pessoas costumam soltar fogos de artifício que são sinônimo de festa e alegria.
Porém, para os animais de estimação, crianças, pessoas enfermas, pessoas mais idosas e autistas, eles representam medo e estresse.
Os animais de forma geral e principalmente os cães e gatos tem audição mais aguçada e consequentemente são mais sensíveis ao barulho. Eles não entendem o porquê de tanta agitação e não sabem ao certo se isso será bom ou ruim, portanto eles tentam desesperadamente se proteger de alguma forma.
Muito comum por conta do barulho os animais buscarem por abrigo, e nessa agitação muitos acidentes como atropelamentos acontecem, comum também animais se cortarem em lanças de portões ou ficarem presos nos mesmos ao tentarem fugir desse barulho todo.
Muito embora a queima de fogos possa ser momentânea, o estresse causado por ela pode durar dias, e ao longo desse tempo podemos acompanhar anormalidades nos animais, isso por conta do cortisol, hormônio produzido pelo próprio corpo em momentos de estresse, que foi lançado em grandes quantidades no organismo.
Hipertermia que é a elevação da temperatura corporal ,vômito, diarreia, crises convulsivas em casos mais graves também são comuns, desmaios, taquicardia e até mesmo a morte dependendo do caso, se o animal já tiver alguma outra patologia.
Algumas medidas podem ser tomadas pelo tutor para minimizar o efeito do barulho:
Estamos falando apenas de cães e gatos, mas imagine as consequências desse tipo de estresse em animais silvestres
Pesquisadores holandeses utilizaram um radar meteorológico, que foi adaptado para localizar aves de grande tamanho corporal, como gansos. Os dados coletados em três réveillons consecutivos demonstraram que após a meia noite estas aves levantaram vôo, muitas permanecendo em torno dos 500 metros de altitude (quando o usual é até 100 metros) e a agitação durou cerca de 45 minutos. Algumas destas aves voaram muitos quilômetros antes de pousar e descansar. Isso sem dúvida gerou uma carga muito grande de estresse nesses animais.
Além do problema da poluição sonora intensa e das consequências desagradáveis e até mesmo trágicas causadas pelos ruídos da explosão, o processo de fabricação dos fogos e também a sua queima liberam percloratos, que contaminam o ar e os corpos d’água. Estas substâncias inibem o funcionamento da glândula tireóide, alterando o crescimento, desenvolvimento e metabolismo de várias partes do organismo dos animais que entram em contato com este poluente. Seus efeitos são conhecidos tanto em animais silvestres como em humanos.
A soltura de fogos é proibida por lei em inúmeros municípios brasileiros, mas infelizmente ainda não é uma prioridade o assunto, e para muitos o que fala mais alto é a teoria de que essa é uma tradição e deve ser preservada, mesmo causando todas essas aflições em muitas pessoas e animais.
Vejam que os fogos de artifício são apenas parte de uma festa que é muito maior, a reunião entre as pessoas com amor e consciência, respeito ao próximo e consideração pela situação do outro deveriam ser prioridade. Faça uma revisão em sua consciência e pergunte-se se o que está fazendo realmente alegra e diverte a todos ou só a você e a seu grupo mais próximo.
![]() Diogenes Augusto Consolino
Médico Veterinário, clínica e nutrologia veterinária.
Diogenes.consolino@hotmail.com
|
Comente esta publicação: