Santiago de Compostela

Fomos para a Galícia, ao norte da Espanha porque queríamos fazer o Caminho de Santiago de Compostela. Primeiro atravessamos o país todo de carro, de ponta a ponta, passando por cidades muito pequenas e acolhedoras. Uma comida maravilhosa e muito vinho. Alguns lugares da Espanha permanecem intocados, parecem parados no tempo, com sua gente, suas tradições e sua arte. Fazer o Caminho gerou um dos nossos filme: Onde Está a Felicidade? E fazer o Caminho filmando foi muito mais difícil e complexo do que fazer qualquer peregrinação. Fizemos tantas vezes os mesmos percursos, que eu já podia virar uma guia de turismo local.

Nossa equipe era imensa. Metade brasileira e metade espanhola. Era lindo ver as duas culturas se misturarem com uma enorme alegria de viver.  Gente trabalhando duro e ao mesmo tempo, se divertindo por fazer aquilo que gosta. Uma equipe feliz. Afinal, não é pra isso que se viaja, pra vivenciar momentos e ser feliz? Aliás, não é essa a finalidade de qualquer viagem? Nos transportar pra algum lugar real ou fictício que vai significar viver uma experiência que de alguma maneira vai nos deixar ótimas lembranças? Fotos de momentos que vão ficar impressos na nossa memória? A gente tinha uma frase no nosso filme, falando da busca da felicidade:

“Que tal a gente se divertir enquanto procura?”

A vontade de viver uma experiência transformadora era comum a todos.  Tanto faz se o Caminho é feito a pé, de bicicleta ou a cavalo, se a motivação é fé ou simples exercício físico, a verdade é que no fundo de cada um de nós existe sempre uma expectativa de mudança.

No final do Caminho a grande recompensa é chegar a Santiago de Compostela, uma cidade pequena e com uma beleza única. A chegada vem como uma grande catarse, entre risos e lágrimas, assim como o final de uma filmagem. A sensação de um dever cumprido, um despertar, uma revelação, uma luz. Assim terminou nossa viagem e nasceu nosso filme. A gente pode, a cada dia, renovar o nosso desejo e ir atrás de alguma coisa.

O Caminho é uma metáfora.  Nem é preciso ir pra Santiago de Compostela.  Cada dia é uma nova jornada em qualquer lugar que a gente esteja. Será que a gente acha o que busca? Será que a gente sabe o que busca? Será que isso importa? Já que a gente tem tanta pergunta sem resposta, talvez o melhor mesmo seja ir distribuindo felicidade pela vida, enquanto a gente pergunta.  E fazer viagens mesmo nos mesmos lugares de todos os dias, apenas olhando tudo como se fosse a primeira vez.