Fazer D.R. sem brigar

A gente quer ser feliz e ter razão, ao mesmo tempo, o que às vezes é bem complicado. Mas talvez seja o caso de mudar o foco e trocar por outras duas metas,  como ser verdadeiro e ter compaixão.

Quando conheci a ‘Comunicação Não-Violenta’ do psicólogo Marshall Rosenberg fiquei encantada. Li textos, vi seus vídeos e senti aquela vontade imensa de conhecê-lo pessoalmente.

Marshall diz que o princípio da comunicação não-violenta é o de expressar de forma clara e aberta seus sentimentos e necessidades, sem culpa ou julgamento. E ouvir os sentimentos e necessidades do outro sem culpar ou julgar. E a partir dai colocar seus pedidos para uma relação melhor.

Para ilustrar suas aulas ele conta a história de uma mulher que participou de seu curso e que decidiu ser verdadeira e expressar para a família algo que a incomodava há anos: ela detestava cozinhar todos os dias para o marido e os filhos. Pra ela, essa tarefa era uma tortura. Assim, ela reuniu todos à mesa e disse, sem culpa, sem raiva que durante vinte anos ela fazia o jantar sofrendo, contrariada, sem coragem de dizer isso pra família e que ela gostaria de parar de cozinhar.

Uma semana depois os filhos e o marido ligaram para agradecê-lo. Porque há vinte anos eles jantavam em casa muito contrariados, porque detestavam a comida que ela preparava, mas não tinham coragem de dizer. E que todos estavam todos muito felizes com a decisão de pedir comida em diferentes restaurantes.

O segredo de não brigar é não acusar o outro e sim, falar do seu sentimento. Até porque, diz Marshall, o que os outros fazem pode ser um estímulo, mas não a causa do que sentimos. Um simples truque é começar suas frases com ‘eu…’,  em vez de ‘você…’.

 Entre uma pesquisa e outra, descobri que Marshall faleceu em 2015. Felizmente seu legado é eterno. Seus vídeos com fantoches, todos no YouTube, são deliciosos e engraçados. E despertam na gente o desejo de, mais do que ter razão, ter compaixão. Mais do que ser feliz, ser verdadeiro. 

ROSANA HERMANN Escritora, corredora e tricoteira, sempre ligando pontos e tecendo considerações. rosana@gmail.com
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7 Comentario(s)

Fabricio disse:

A relação com meu namorado, amigos e família mudou completamente quando assumi esta postura, isso mesmo antes de terapia.
Foi, sem dúvida, uma ignição pra dezenas de novas descobertas. Sempre achava que pensava mais em mim do que nos outros, de fato era, só que não sabia como contextualizar minhas vontades com as expectativas dos outros e acabava cedendo sem pensar nas consequências ou rumo que as coisas tomavam.

Ser capaz de ouvir o outro crava na gente uma sensação de liderança, pois em paralelo você também passa a se ouvir mais. De ser capaz de mudar conflitos sem chantagens emocionais ou brigas em conta-gotas que cedo ou tarde transbordam e te levam junto. É ter um mãos uma ferramenta consciente de escoar suas aflições e abrindo ao próximo a chance de melhora e adaptação.

Beijos, Ro. Adoro você há tempos, viu!?

Rosana Hermann disse:

Oi FABRICIO, muito obrigada! Fiquei feiz em saber que você já desenvolveu essa competência 🙂 Continue espalhando essa sabedoria!

Rosana Hermann disse:

Obrigada, Rafael, de coração!

Rafael Farias disse:

Li o tetxto e continuo sem saber o que significa D.T. ??

Rosana Hermann disse:

Rafael, falha minha! Eu estava supondo que todos conhecessem D.R. que quer dizer ‘discutir a relação”. Obrigada pelo comentário.

Rolemberg Eduardo Taboga disse:

Lindo esse texto, é para parar e refletir

Rosana Hermann disse:

A gente tem que parar pra refletir o tempo todo, sobre tudo, melhor jeito de tentar melhorar e crescer! Beijos,
Rosana

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