O terceiro componente da felicidade, na definição do pai da psicologia positiva, Martin Seligman, é relacionamento. Somos geneticamente programados para nos conectarmos socialmente, e essas conexões podem, para o bem ou para o mau, potencializar a experiência de outros componentes da felicidade. Em outras palavras, quando experimentamos relacionamentos positivos, tendemos a sentir mais emoções positivas, como amor, afeto e gratidão, e, em alguns casos, a vivenciar maior senso de propósito na vida.
Uma das habilidades mais eficazes e enraizadas que temos para nos conectarmos com outras pessoas é a empatia. Começamos a desenvolver empatia durante os primeiros anos de vida, quando somos tomados por fortes relações de apego. Mas a empatia não pára de se desenvolver ao longo da vida, o que significa que podemos cultivar seu crescimento e usá-la como uma força radical para a transformação social.
Nesse ensaio vou apresentar quatro hábitos identificados pelo professor Ph.D Roman Krznaric, das pessoas altamente empáticas, na esperança de que você decida implementá-los na sua vida, para construção de relacionamentos mais positivos.
Uma atitude curiosa perante desconhecidos expande nossa empatia quando decidimos tentar conhecer o outro, compreender seu mundo. Desafie-se a conversar com um desconhecido por dia, ou por semana, se quiser começar mais devagar. Faça perguntas e escute ativamente, sem julgamento. Descubra a riqueza de cada experiência e observe como nossa natureza o impulsiona para mais empatia e conexão.
Pessoas altamente empáticas desafiam seus próprios preconceitos e buscam ativamente similaridades que as ligam a outras pessoas. Krznaric exemplifica esse hábito com a história de Claiborne Paul Ellis, personalidade de um episódio marcante da história das relações raciais dos EUA.
Ellis nasceu em uma família branca pobre em Durham, Carolina do Norte, em 1927. Desempregado, atribuia aos afro-americanos a causa de todos os seus problemas. Seguindo os passos do pai, filiou-se a Ku Klux Klan, onde galgou espaço de comando. Em 1971 foi convidado para uma reunião comunitária sobre as tensões raciais nas escolas, sendo escolhido para liderar comitê ao lado de Ann Atwater, ativista negro que sempre desprezou.
Durante o tempo em que trabalharam juntos, entretanto, Ellis percebeu que compartilhava com Atwater os mesmos problemas de pobreza e desemprego. “Eu estava começando a olhar para uma pessoa negra, a apertar sua mão, e vê-la, pela primeira vez, como um ser humano”, mencionou após o episódio. “Foi quase como ter nascido de novo”. Na última noite da reunião, Ellis rasgou seu cartão de membro Klan na frente de mais de mil pessoas.
Quantos exemplos como esse permeiam nossas vidas sem que encontremos a coragem de superar pré-conceitos para, de fato, conhecemos outras pessoas. Quanto podemos aprender, crescer, e qual a qualidade dos relacionamentos que podemos construir?
Experimente viver a vida de alguém por um dia, ou algumas horas e descubra como sempre temos muito a aprender. Nas palavras do filósofo John Dewey:
“Toda a educação genuína vem através da experiência.”
Mas só escutar não basta. Aceitarmos nossa própria vulnerabilidade, ou seja, remover nossas máscaras e revelar nossos verdadeiros sentimentos, é vital para criação de vínculos genuinos. A empatia é uma rua de mão dupla que, na melhor das hipóteses, é construída com base no entendimento mútuo — uma troca de nossas mais importantes crenças e experiências.
Henrique Bueno
Especialista em Felicidade e CEO do Wholebeing Institute Brasil - www.henriquebueno.me | hbueno@me.com
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